domingo, 9 de maio de 2010

Como educar os filhos para serem autônomos e felizes

Quero compartilhar nesta edição um texto muito interessante, da educadora Cris Poli (na integra).

“O maior sucesso dos pais é de fato contribuir para que seus filhos sejam capazes de voar com as próprias asas, ou seja, criar filhos autônomos e, por conseqüência, mais felizes.
Uma pessoa autônoma se realiza na vida, sente-se em melhores condições de se adaptar a qualquer ambiente e tem aquela confiança própria de quem sabe que seu futuro só depende de suas ações.
Quando você estimula a realização plena do potencial de seu filho, está lhe dando melhores condições de ser aprovado nos grupos sociais nos quais ele tiver de conviver. Como, em maior ou menor grau, todos buscamos aprovação de nossos atos, ser autônomos dará a seu filho bem-estar, segurança e mais felicidade. E é preciso começar cedo, enquanto eles ainda são crianças. Ser responsável lhes será útil tanto na infância quanto na adolescência e na vida adulta.
“Mas, Cris, como eu faço isso¿”, você deve estar se perguntando. “Como é que eu posso pensar em criar filhos autônomos, se nem mesma consigo conversar com eles¿ Como posso fazer isso, se nossa casa mais parece um campo de batalha, em guerra o tempo todo¿ Como posso pensar em educar direito os meus filhos se não sei como fazer, se estou cheio de dúvidas, se sinto que já não tenho mais força nem paciência¿
É exatamente sobre isso que você vai aprender neste livro¹.
Vou lhe mostrar quais são os caminhos para educar seus filhos de modo que eles sejam pessoas realizadas, e que sua família tenha um convívio com mais harmonia e felicidade.
Mas, antes de tudo, você precisa entender o significado, de fato, formar filhos autônomos.
Tenho observado, em muitas famílias, uma grande confusão entre os conceitos filho autônomo e filho independente, que acaba sendo sinônimo de filho abandonado. Neste contexto, quando se fala em criar filhos independentes isso significa que eles têm de fazer tudo por si mesmos. É o mesmo que dizer: “Vá lá e tome banho, vá lá e arrume a cama”; enfim, vão lá e façam tudo sozinhos.
Contudo, os pais criam filhos autônomos quando lhes ensinam aquilo que precisa ser feito da maneira que acreditam ser correta, capacitando-os para a vida, e não abandonando à própria sorte. E não é preciso se preocupar com o momento de soltá-los, pois eles mesmos caminharão com as próprias pernas para fazer tudo o que lhes foi ensinado. Quando for cobrar, verifique o que foi assimilado e complete com as orientações que ache que ficaram faltando.
Entretanto, tenha isso em mente: a base para desenvolver a autonomia está em ensinar a seus filhos os valores que você acredita serem corretos e estabelecer as regras que considera convenientes. E deixar claro aquilo o que espera deles.
O processo de criar um filho, em muitos aspectos, é bastante semelhante ao educar um aluno. Eu uso esse mesmo método para estimular a autonomia das crianças na escola em que leciono.
Por exemplo: o aluno tem uma office, um tipo de cabine de trabalho com mesa e cadeira, e deve manter esse local arrumado, organizado. Essa é uma das necessidades da sala de aula.
Mas, antes, eu preciso ensiná-lo como quero isso arrumado, porque, como professora de 25 alunos, tenho em minha classe as referências de 25 casas, com 25 hábitos e 25 ideias de organização, todas diferentes entre si. E pode ser que a minha ideia de organização seja diferente da do aluno. O que é bagunça para mim – no caso, o jeito como ele deixou seu local de trabalho - , pode parecer perfeitamente organizado de acordo com a concepção dele.
Então, qual é a primeira coisa que eu preciso fazer¿ Devo dizer ao aluno: “Eu quero o lápis aqui, esse outro ali, a borracha lá e o livro do outro lado. Está bem¿” Porque, para mim, organização é isso. E é isso que eu espero que ele faça. Logo, devo ensiná-lo organizar da maneira que eu considero adequada para que ele possa trabalhar da melhor forma. Só depois poderei cobrar dele.
Em qualquer fase da vida, em qualquer lugar, seus filhos saberão que deverão aprender constantemente, e que terão de cumprir com o que é esperado deles. Assim, terão maiores chances de corresponder às expectativas do ambiente em que estão vivendo. Autonomia implica aprender pra depois executar. Implica também ter responsabilidade para alcançar as metas da maneira certa.
É bom lembrar, porém, que criar filhos capazes de cuidar da própria vida é uma arte, mas também é uma ciência que pode ser aprendida.”


1 - Poli, Cris. Filhos Autônomos, Filhos Felizes. São Paulo: Editora Gente, 19ª edição, 2006.

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